Resiliência foi uma das palavras mais ouvidas pela reportagem da Globo Rural em 2023. Na boca do produtor, a preocupação com o amanhecer chuvoso ou com o meio da tarde com termômetros marcando mais de 40 graus no solo.
Foi difícil seguir o calendário de plantio, ao passo que houve uma explosão de tecnologias embutidas em sementes, insumos, máquinas para tentar evitar consequências causadas pelo clima. O El Niño foi vilão de muitos cultivos, principalmente no segundo semestre do ano, mas não freou agricultores.
Soja
Na maior praça produtora de soja do Brasil, o Mato Grosso, o atraso de plantio de soja para safra 2023/24 tirou o sono de grandes produtores e líderes de mercado, depois de uma colheita recorde. A principal cultura de exportação, entretanto, teve queda de preços que impactou no comportamento do produtor, que segurou mais, mas deve terminar o ano com pagamentos melhores diante das preocupações com o clima que fizeram o mercado reagir. Já no Centro-Oeste pode, o agricultor passar a virada do ano plantando.
Milho
O cereal teve altos e baixos em 2023. Começou o ano com preços em queda e no segundo semestre colocou o produtor que estava nas áreas de forte seca, o que também atrasou o plantio. Alguns agricultores decidiram mudar o cultivo por sorgo e até cevada no Paraná, outros apostaram na variedade pipoca. As projeções de colheita diminuíram e as exportações ficaram concentradas nos portos do Sudeste.
Café
Manejo regenerativo, adoção de biológicos mais intensa e cuidados com solo marcaram o ano dos produtores de café arábica do Cerrado Mineiro, o principal produtor da variedade no Brasil. O ano também foi surpreendente para os cafeicultores do Espírito Santo, que aproveitaram as quebras de safra da Indonésia e do Vietnã para oferecer o conilon brasileiro a outras rotas internacionais.
Cana-de-açúcar
Se o clima castigou muitas culturas, a cana-de-açúcar passou com maior fôlego pelas intempéries de 2023. A produção e a moagem aumentaram, além das usinas vão fechar o ano com resultado maior. Do lado ambiental, a cultura alavancou o reaproveitamento de resíduos para transformá-los em insumos ou energia.
Citricultura
O produtor de laranja, principalmente, desde maio previa uma queda na safra brasileira devido ao greening, que atingiu lavouras de São Paulo e de Minas Gerais este ano. O calor fez o consumo da fruta aumentar, mas ao longo dos 12 meses, o manejo foi repleto de cuidados para evitar pragas e doenças.
Algodão
A pluma mais charmosa do Brasil pode ter destaque no mundo, devido a quebras nos EUA. Da passarela do São Paulo Fashion Week a preços subindo na bolsa de Nova York e animando produtores brasileiros, o algodão se consolidou referência em rastreabilidade e certificação.
Plantio de água?
Seguindo à risca o provérbio indiano que diz “segura a água da chuva onde ela cai”, produtores familiares começaram a “plantar água” por meio das barraginhas, elevando a produtividade das lavouras e a sustentabilidade e deixando de lado a ideia de migrar para a zona urbana. De olho no tesouro hídrico, em especial devido à seca, empresas também investiram em tecnologia como aliadas da gestão de água.
Fonte: Globo Rural