Focada em uma aliança com o Brasil para ampliar o plano de abastecimento e “mitigar” as mudanças climáticas por meio da agricultura familiar, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) quer contribuir com projetos cada vez mais associados a essa frente, atenta também à verba específica do Plano Safra que deve ser destinada ao Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
O objetivo pode ser cumprido com mais rapidez ao aumentar as parcerias internacionais através de programas como a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf Mercosul), cuja seção nacional foi relançada no Brasil em março deste ano.
É o que enfatiza João Marcelo Intini, oficial de Políticas de Sistemas Alimentares na FAO.
Na sede da FAO, em Santiago, João Intini representa o Brasil e os projetos sobre segurança alimentar e agricultura familiar — Foto: Ed.Globo/Isadora CamargoO brasileiro, que representa o país na sede regional da entidade em Santiago (Chile), mencionou que um dos desafios do órgão na América Latina é ampliar a oferta de comida saudável para populações de menor renda a partir do que classifica como “mercados dinâmicos”, que exportam, mas produzem alimentos de qualidade para consumo interno.
O representante analisa que, embora a armazenagem facilite gerenciar a oferta de produtos em melhores preços, há grandes gargalos para o escoamento da produção proveniente da agricultura familiar que requer estrutura, principalmente, para distribuir a cadeia de frios, evitando problemas de desperdício.
Para ele, investir na industrialização e na distribuição é uma das premissas para melhorar a precificação de produtos que podem suprir a demanda interna e garantir segurança alimentar.
De acordo com Intini, hoje, a América Latina desperdiça 11% dos alimentos por falta de estrutura, enquanto a produção familiar poderia agregar cerca de 30% de produtos no continente, se recebesse maior aporte.
Intini prevê que a melhoria na distribuição de alimentos no Brasil está em um plano de abastecimento robusto e bem formulado, que possa pensar em uma distribuição da cadeia de frios em circuitos curtos e redes de armazenagem e industrialização voltadas à produção familiar.
“É preciso incentivar uma política de sustentação de preço, além de mecanismos para estimular a agricultura familiar, que atualmente também produz commodities, retomar a produção de alimentos básicos para o país. Isso não é novidade. Existiam programas de incentivo desde 2008, mas que foram paralisados nos últimos quatro anos. Agora, o governo federal está discutindo um plano nacional de abastecimento com apoio da FAO”, acrescentou.
Supersafra e preços dos alimentos
De acordo com Intini, o mundo viveu uma alta inflacionária de alimentos com a pandemia, puxada especialmente pelos gargalos das cadeias logísticas.
Mas agora, diz ele, existe um movimento de diminuição inflacionária em vários países, como é o caso do Brasil, por isso é preciso debater medidas que direcionem os mercados internacionais a comercializarem produtos com preços mais justos.
“Com alta demanda e recuperação econômica do Brasil, é preciso falar em programas de transferência de renda, o consumo de alimentos e a proteção social. Esse cruzamento entre os repasses da produção social e o consumo dos alimentos saudáveis está na agenda do governo e da FAO”, ressaltou.
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Fonte: Globo Rural