O avanço do óleo vegetal hidrotratado (HVO), conhecido como diesel de soja, deve consumir grande parte da produção norte-americana nos próximos anos, favorecendo a produção brasileira, conforme informações do site Canal Rural.
O assunto foi discutido entre especialistas que participaram do primeiro dia do Master Meeting Soja, em Cuiabá (MT), na segunda-feira 3.
De acordo com Marcos Fava, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em planejamento estratégico, a América Latina será uma das maiores em saldo do comércio agro até 2030.
“Em números, em até oito anos, há possibilidade de o milho e a soja baterem os Estados Unidos em produção. E Mato Grosso tem grandes chances de liderar”, afirma Fava.
Segundo Fava, o Brasil já produz 41% da soja do mundo, e para manter o crescimento deve buscar medidas de sequestro de carbono.
“Na pandemia, com o lockdown, por conta da segurança alimentar, o mercado não focou no tema, mas de agora em diante isso muda. No entanto, o equilíbrio da oferta e da demanda volta ao estímulo monetário dos mercados. Estimo ainda que o câmbio até o fim do ano, o dólar não passe dos R$ 4,70″, destaca o especialista.
Ainda de acordo com Fava, os desafios da produtividade, além do foco em sustentabilidade, devem reunir cinco itens: gestão financeira, excelência operacional, obsessão nos controles, liderança e coletivismo.
O especialista em análise de mercado e políticas agrícolas André Pessoa reforçou que o crescimento do consumo de biodiesel no mundo deve impulsionar a produção de soja no país. Ele salientou que, em 2021, o setor de transportes foi responsável por 32% de energia no Brasil, vinda do petróleo. No transporte de cargas rodoviário, o consumo do biodiesel cresceu 6,5%, impulsionado pelo avanço de sua contraparte fóssil e outras questões de mercado.
“Como consequência desses movimentos, o setor de transportes do Brasil apresentou uma matriz energética composta de 23% de fontes renováveis, em 2021. E esse cenário tem crescido desde então”, diz Pessoa.
Já o ex-presidente da John Deere Paulo Herrmann explicou a importância de estudar cada segmento produtivo e o seu manejo, com controle de custo e dados organizados, para a tomada de decisão.
“É possível prever que, em 2031, sem desmatamento ilegal, teremos 123 milhões de hectares, com 2,4 milhões de animais por hectare, com um total de 295 milhões de cabeças de rebanho no Brasil”.
O Master Meeting Soja termina nesta quarta-feira, 5.
Fonte: Revista Oeste