A liberação de financiamentos para os produtores rurais brasileiros sofreu uma queda expressiva de 30% nos três primeiros meses do Plano Safra 2024/2025. Este programa, considerado a principal política pública de apoio ao setor agropecuário, direciona recursos subsidiados pelo Tesouro Nacional para ajudar os produtores a custearem suas operações e investimentos. Entre julho e setembro de 2024, o valor total dos recursos disponibilizados foi de R$ 112,5 bilhões, um recuo significativo em comparação aos R$ 164 bilhões liberados no mesmo período da safra anterior.
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Essa redução de mais de R$ 50 bilhões foi evidenciada em todas as linhas de crédito do programa. No financiamento de custeio, por exemplo, as liberações caíram de R$ 95 bilhões para pouco mais de R$ 73 bilhões, representando uma queda de 22%. Nos investimentos, o recuo foi ainda maior, de quase 40%, com os valores diminuindo de R$ 33 bilhões para R$ 20 bilhões. Além disso, os desembolsos para comercialização caíram 45%, totalizando R$ 10 bilhões, enquanto na industrialização, a retração foi de 51%, com R$ 8 bilhões liberados.
Esses dados são parciais e variam à medida que alguns financiamentos, já contratados, são gradualmente liberados pelas instituições financeiras. Segundo informações apuradas, o sistema do Banco Central mostrou uma liberação de R$ 112 bilhões em 4 de outubro, um aumento de R$ 300 milhões em apenas seis dias, o que indica que o valor total ainda pode crescer à medida que novos desembolsos forem realizados.
De acordo com representantes do governo, um dos motivos apontados para a queda nos valores desembolsados é o descasamento temporal na atualização dos dados. Ainda assim, o setor produtivo e executivos de instituições financeiras afirmam que não há escassez de crédito no mercado, nem de orçamento para as linhas subsidiadas do Plano Safra. Eles sugerem que a queda nos desembolsos se deve, em parte, a uma migração dos produtores rurais, principalmente os de grande porte, para linhas de crédito privado fora do escopo tradicional do Plano Safra.
Essa mudança de comportamento está associada à manutenção das taxas de juros para médios e grandes produtores, que permaneceram inalteradas neste ciclo. Além disso, a burocracia das operações bancárias oficiais tem contribuído para que muitos agricultores busquem alternativas mais ágeis e menos burocráticas, como as Cédulas de Produto Rural (CPR), que oferecem maior flexibilidade.
Fonte: CBN Agro, Globo Rural