As revendas agropecuárias e os bancos que operam com recursos federais aumentaram sua participação no custeio da safra de soja 2023/24 em Mato Grosso. Recursos próprios e multinacionais de insumos, por outro lado, perderam participação. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (14/12) pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O levantamento é feito com base em informações o sistema financeiro, tradings de grão, fornecedores e distribuidores de insumos agrícolas. Os técnicos do Imea também consultaram dados do Banco Central.
Com base em uma área plantada de 12,22 milhões de hectares, o Imea calculou o custeio médio de R$ 4.124,27 por hectare. A partir desses números, concluiu que o custeio total da safra 2023/24 foi de R$ 50,41 bilhões, 16% a menos que na temporada 2022/23, calculado em R$ 57,99 bilhões.
Revendas Agropecuárias e Bancos Federais Ganham Espaço no Financiamento da Safra de Soja em Mato Grosso para 2023/24
“Essa queda nas despesas se deu, sobretudo, pela redução dos custos dos insumos agrícolas na safra 2023/24, principalmente os fertilizantes”, informa o Imea.
A participação dos recursos próprios caiu de 33,01% do total para 31,58%; a das multinacionais, de 32,24% para 29,52%; e a do sistema financeiro, de 17,34% para 16,72%. Já as revendas aumentaram de 14,95% para 18,06%; e os bancos que operam com recursos federais, de 2,46% para 4,12%. (veja quadro ao final do texto)
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Os técnicos do Imea explicam que a menor participação dos recursos próprios em relação à safra passada está ligada à queda de preços de commodities agrícolas. Ainda assim, foi a principal fonte de custeio da safra nova, que está no campo.
“Ao se trabalhar com margens mais apertadas, as atenções dos produtores se voltaram às relações de trocas em momentos mais favoráveis, a ponto de obter melhores preços de compra de seus insumos”, afirmam, no relatório.
Recursos Próprios e Multinacionais Perdem Participação, Enquanto Condições Climáticas Desafiantes Impactam Decisões
No caso das multinacionais, as condições climáticas mais “desafiadoras” e a incerteza em relação à segunda safra tornaram o crédito mais seletivo. Com dúvidas sobre a rentabilidade do produtor e sua capitalização ao final da safra, as empresas ficaram mais exigentes.
De outro lado, a flexibilidade maior nas concessões de crédito foi apontada pelo Imea como determinante para o ganho de participação do segmento no funding da safra nova de soja.
“Outro fator que impulsionou esse aumento foram as operações com barter (troca de produtos por insumos), já que os juros altos estimularam os produtores a fazerem negociações neste modelo”, explicam o Instituto.
Os juros elevados e a disparidade de taxas entre o crédito livre e o controlado foi o que levou a uma queda da participação do sistema financeiro no custeio da soja em Mato Grosso. E levaram o produtor a recorrer mais às operações com recursos federais.
Safra 2024/25
Para a safra 2024/25, que começa a ser plantada em setembro do ano que vem, o Imea projeta um aumento de 0,99% nos custos de produção da soja. A expectativa dos técnicos é de elevação dos preços de fertilizantes, o que deve ser determinante do resultado.
“No entanto, a oferta e demanda de insumos e o dólar devem continuar ditando as despesas de custeio da próxima safra. Tomadas de decisões em momentos oportunos serão cruciais e decisivas para a rentabilidade do sojicultor”, pontua o Imea.
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Fonte: Globo Rural