O clube de investimento Agroven reuniu ontem seus integrantes para avaliar possíveis investimentos em duas startups do agronegócio. O encontro ocorreu no Inovabra, sede de inovação do Bradesco que abriga startups em São Paulo, e contou com a presença de produtores, empresários, representantes de agroindústrias e outros setores relevantes do agronegócio. A reunião acontece, em média, a cada dois meses, para discutir novos investimentos na cadeia de inovação do agro.
Sílvio Passos, fundador do Agroven e atual presidente do conselho do clube, explica que, além de um lugar para investir, o clube é uma grande rede de impacto e estímulo à inovação. “Como nossos membros são muitos empresários e empresas de grande porte, acontecem muitos negócios até entre eles”.
No encontro de ontem, a Abundance Brasil foi a primeira a se apresentar. A startup é uma “climate-tech” que comercializa tokens de árvores plantadas para gerar renda a partir do reflorestamento de áreas degradadas e compensação de emissão de carbono. A empresa faturou R$ 745 mil em 2022 e estima atingir R$ 3 milhões em 2023.
“Nós confiamos em um crescimento de 10 vezes em 2024, para um faturamento de R$ 300 milhões”, disse Pedro Miranda, CEO e fundador da Abundance. Hoje, 91% pertencem aos fundadores, e o empresário ofereceu 12% do negócio por 3 milhões de dólares.
Com a ambição de plantar 1 bilhão de árvores até 2030, a Abundance possui 200 mil árvores plantadas no município de Cana Verde, no sul de Minas Gerais, com projeção de mais 100 mil em novembro.
Do total, quase 11 mil já foram negociadas, cada uma a R$ 100, sendo 9835 árvores em negócios B2B e 958 B2C. As empresas que têm uma alta taxa de emissão de dióxido de carbono são o foco principal da agtech, como transportadoras, siderúrgicas, mineradoras, empresas automotivas, de energia, alimentos e fertilizantes.
“O regulamento europeu exige que empresas que emitem mais de 10 mil toneladas de CO² reportem, e o Brasil está copiando isso. Hoje, a empresa precisa fazer um planejamento de descarbonização”, afirmou o CEO.
A segunda startup a se apresentar foi a argentina Identify on Field (IOF). Com os negócios absolutamente focados no Brasil, o CEO Jose Dominguez anunciou a mudança de nome para SiloReal, a fim de desvincular o nome da empresa ao imposto brasileiro.
A agtech oferece serviços de monitoramento de silo bolsas a partir de georreferenciamento que documentam a prova existencial de cada silo, além do acompanhamento de temperatura, umidade, CO² presente e possíveis movimentações dos silos. Isso dá ao produtor o controle dos grãos armazenados no campo com alertas em tempo real.
Dominguez acredita que a grande oportunidade da empresa no Brasil, já que não vê o problema de armazenagem do país ser resolvido nos próximos 15 anos. De olho no déficit acima de 100 milhões de toneladas, a SiloReal promete um soluções baratas e rápidas que podem ser feitas diretamente no talhão, sem grandes investimentos.
A agtech faturou R$ 164 mil em 2022 e projeta lucro de R$ 300 mil em 2023, com alta expectativa no Brasil. “Nós validamos nosso negócio com pequenos, médios e grandes produtores para chegar a nossa proposta de valor. Agora, o Agroven pode nos dar aporte e suporte para encontrar produtores e a indústria que precisam do nosso serviço”.
Em votação entre os investidores e membros do clube, uma startup foi aprovada e outra reprovada. Na etapa seguinte, a agtech aprovada vai ser submetida a uma ‘tese de investimento’, para ser aprofundado seu modelo de negócio e real potencial de mercado. Depois, os membros voltam a se reunir e decidem pelas quantidades de cotas a serem aportadas. Já a agtech reprovada é enviada a uma “esteira de monitoramento”, onde segue sendo monitorada e pode ser novamente convocada para se apresentar aos investidores.
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Fonte: Globo Rural