Trabalhadores que reivindicam uma reforma agrária no Brasil deflagraram o que chamaram de “Carnaval vermelho”, passando a ocupar terrenos no oeste paulista. A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) diz que 1 mil famílias participam da mobilização em pelo menos dez terrenos na região. O movimento está concentrado nas cidades de Marabá Paulista, Sandovalina, Presidente Venceslau e Rosana. O grupo reivindica a destinação das áreas para implantação de assentamentos da reforma agrária aos trabalhadores rurais sem-terra.
A estimativa é de que haja pelo menos 5 mil famílias cadastradas no Instituto de Terras de São Paulo (Itesp), com direito a mais de 300 mil hectares de terras que estão desocupadas no Estado. A distribuição desses espaços vagos depende de trâmites do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Em nota, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de São Paulo manifestou repúdio às ocupações. A entidade solicita às autoridades que atuem de maneira “firme e contundente” para desmobilizar as ações e responsabilizar os líderes e envolvidos.
A FNL pede que seja considerada inconstitucional a lei estadual de regularização de terras, aprovada no ano passado, que, segundo a organização, favorece os latifundiários, donos de grandes propriedades. A Polícia Militar informa que foi acionada para ocorrências, mas não houve confronto e nem a necessidade de intervenção.
Em Rosana, foram apreendidos diversos pneus, que eventualmente poderiam ser utilizados para interdições de estradas. A PM foi chamada para a fazenda São Francisco, em Presidente Venceslau, onde foram apreendidas armas de fogo e munição pertencentes ao inquilino da propriedade. Segundo a PM, a segurança foi reforçada com policiamento de área, força tática e batalhão de ações especiais.
A Associação Brasileira do Agronegócio – ABAG repudia todo e qualquer ato de invasão a propriedades, públicas ou privadas, destinadas à produção agroindustrial e clama para que o atual governo intervenha junto às lideranças dos movimentos insurgentes no sentido de apaziguar a vida no campo, para que a agricultura e a pecuária brasileiras continuem sendo a locomotiva da economia nacional, cuja contribuição se mantenha ou até supere os 25% de nosso PIB.
Um país que está em ampla campanha na busca de investidores, nacionais e internacionais, para a garantia de seu desenvolvimento econômico-social, não pode mais conviver com invasões a propriedades rurais como novamente estamos assistindo nessas últimas semanas, por criar um clima de insegurança e desestímulo a quem planeja investir em um setor de grande importância para a economia nacional pela sua pujança e organização.
Essas ações de movimentos que, pensávamos, já estarem ultrapassados e excluídos do Brasil, que deseja se tornar moderno e inserido de forma cada vez mais eloquente no contexto econômico mundial, como se caracteriza nosso país, só trazem sérios prejuízos à imagem, dando mais incentivo aos concorrentes internacionais acelerarem a insidiosa campanha contra o agronegócio brasileiro.
Fonte Compre Rural