O Ministério da Agricultura aprovou a criação de Fiagros para auxiliar na reestruturação das dívidas dos produtores, em resposta ao aumento dos pedidos de recuperação judicial no agronegócio. O secretário de política agrícola, Neri Geller, destacou a importância do crédito privado para o governo e o setor. A iniciativa surgiu na Câmara de Modernização do Crédito e Instrumentos de Gestão de Risco do Agronegócio, com apoio do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio, visando prevenir a judicialização causada pelos pedidos de recuperação judicial.
“Quanto mais crédito privado houver, melhor para o governo e para o setor. Quanto mais pudermos contribuir para que os Fiagros possam avançar, melhor para nós”, disse Neri Geller, secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura.
O novo instrumento, denominado Reorg, utilizará a estrutura do Fiagro para consolidar as dívidas dos produtores. No modelo proposto, os credores do produtor endividado, como revendas, fornecedores e bancos, tornar-se-iam cotistas do Fiagro, transferindo a propriedade como patrimônio do fundo.
O produtor se tornaria um arrendatário, pagando os dividendos com a produção. Ao final do prazo, teria o direito de recomprar as cotas e recuperar a fazenda. O Fiagro Reorg não visaria a listagem em bolsa, sendo destinado a investidores institucionais. O presidente do IBDA, Renato Buranello, indicou que iniciativas dessa modalidade já estão em andamento, e destacou a conformidade do Fiagro de dívida com a regulamentação da CVM.
“A recuperação judicial é a alternativa menos importante e que menos apoiamos. Temos um problema pontual e vamos sobreviver, com muita força”, disse Geller.
Embora essa estratégia possa parecer atraente à primeira vista, os produtores devem estar cientes dos riscos envolvidos. A dependência do crédito privado e a transferência de propriedade para um fundo podem trazer implicações significativas a longo prazo. Além disso, a recompra das cotas no futuro pode representar um ônus financeiro adicional
Fonte: Agrolink